Habituei-me ao curto espaço que percorre o sol do morrer ao nascer, as madrugadas tornaram-se os meus "dias", maus hábitos e preferências. Quando temos demasiado tempo para pensar é como se nos dessem uma lente bifocal, quando vemos algumas coisas mais nitídas é quando as outras se tornam foscas. Percebo, agora, o que tentam fazer os filósofos, os meninos bonitos da mamã que se acharam geniais ao ponto de fazer do pensar a vida. Aplauso para tamanha façanha, só neste passo único demonstram a destreza mental que a maior parte não teve. Eu tenho um problema com o pensar; eu penso (sim, logo existo! moving on) mas apercebo-me que sempre demais, dom vindo do estrogénio, o que me chateia, deveras. Pensar e repensar assuntos, por vezes óbvios, é perda de tempo, algo que com "treino" tenho vindo a melhorar. Tenho quase a certeza que na vida passada vesti a pele do lobo, tinha testosterona, coçava quando tinha comichão e amava a mulher como nenhum outro. Só assim explico grande parte das minhas preferências e mentalidade. O J. e o T. acham que eu sou "um dos gajos", corpo de mulher, cara de pecado e mente de homem. O que eu gostava que eles tivessem razão, mas a verdade é que a minha "gajice" apesar de mais ténue (ou pelo menos muito bem camuflada) está perfeitamente latente. Gostava de ter a capacidade de me capar emociomalmente tal qual homem, não é uma crítica, não me interpretem mal, é antes uma mais valia. É complicado engolir choro, esconder olhos brilhantes e pingos vindos do nada, é complicado não conseguir não amar, não gostar, não sentir. Mas falando assim parece que todas as mulheres são um bando de "gajas" que choram e babam-se e amam incondicionalmente, que mentira pavorosa! Os anticorpos já nascem connosco, são apenas "lançados" no momento certo (biológicamente falando), porque no que toca ao emocional faltanos 70% do descernimento.
Mas que parvoíce, deve ser das horas, estar aqui a debater temas mais batidos que a massa das filhozes que estão quase a chegar. Sou uma lente bifocal, se calhar é isso, porque é impossível estar igualmente equilibrada, a razão pesa e o sentimento puxa, irrita, magoa, lateja, sorri, seduz.
Começo a perceber de onde vêem os clichés, de pessoas pseudo-nerds que ficam acordadas até horas pouco aconselhadas e que se dão conta que andam com os horários trocados. Que bonita percepção gaja...e caminha, não?...Ainda não, tenho medo do escuro...