domingo, dezembro 28, 2008





Não sei até que ponto o que vou dizer se verifica nos dias que correm, nos meus dias que correm. Sempre, sempre, sempre...sempre...senti que...senti que não pertencia aqui. Aliás, a lado nenhum. Quando me recordo da pequena V. sentada na caixa de areia com um bicho de contas na mão, de chapéu, porque o sol batia forte, levantava a mão para proteger os olhos grandes e claros dos raios fortes dos dias longos de verão, recordo que mesmo aí sempre achei que a minha vida era como um filme. Eu estava de longe a ver como era ter uma vida assim, porque no fundo, eu não pertencia aqui. Coisa estranha e rara pensa quem lê, a miúda está toda queimadinha...mas não. Tenho, e sempre tive, uma enorme sensação de falta de pertença. Por alguma razão esta vida, a que vejo nas mãos que toco, nos olhos que espelho, nas almas que percorro, não acho a minha, não me acho. Acho que isso explica a minha paixão pelo cinema, a oportunidade de percorrer mil e uma vidas sem sair da cadeira e do escuro confortável. O meu "problema" não é a inércia, não. Antes pelo contrário, faço de tudo para estar sempre em todo o lado menos naquele lado, o que me faz sentir que aqui não pertenço. A V.? Está em casa do J., do T., da C., da L., da M., da B., só nunca na da V.; é um medo, o medo, de achar que sempre tive razão. Só me sinto calma, bem, segura nos braços daqueles que aprendi a amar sem pedidos, sem expectativas, sem demoras, exigências, responsabilidades. Ter a coragem de admitir e dizer a alguém que o sentimento nutrido é o mais elevado, é despires-te e não teres medo de dizer "olha-me, tenho defeitos, sim, tenho virtudes, também, mas não me interessa que os vejas, que me vejas, porque a única coisa que quero é que me vejas...como eu te vejo. Amo-te.". O ano chega ao seu término e é muito difícil fechar a mala que diz 2008, foi imenso, magoou-me, arranhou-me, esbofeteou-me. Algumas vezes eu ria-me e pedia mais, bate-me mais, porque eu aguento! Outras fugia apavorada, enrolada no canto mais obscuro do ser, até me virem buscar, darem-me a mão seguido do coração colado ao peito que batia junto do meu. Dia 31 encerra um ciclo, não só de 366 dias, mas de uma vida, a minha. As coisas mudam e eu, bem, eu farei o que sempre quis, viajar, estar longe, ser longe e conhecer tudo o que me espera, porque não, eu não pertenço aqui. Os laços não se quebram, esticam e não partem, porque para viver só preciso do teu sorriso, da tua mão, do teu gesto. 2008 deve-nos 2009, e que faremos nós? Abriremos a porta e deixa-mo-lo entrar, porque este, este pertence-me, pertence-nos.



5 comentários:

Maria disse...

Help, I have done it again
I have been here many times before
Hurt myself again today
And, the worst part is there's no-one else to blame

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
and needy
Warm me up
And breathe me

Ouch I have lost myself again
Lost myself and I am nowhere to be found,
Yeah I think that I might break
Lost myself again and I feel unsafe

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
and needy
Warm me up
And breathe me

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
and needy
Warm me up
And breathe me

Sia, Breathe Me

confy disse...

2008, o que se pode falar de 2008, o ano das oportunidades das tristezas e epifanias, o desejo da solidão assim como o anseio pelo amor. bem mas amor ja tenho, deu-me a minha mae, amour amour da cacherel, lol

Thiago disse...

Deixe-mos 2008 para trás e toca a começar o 2009 de novo.

Novas ideias, objectivos e mais coisas ainda por definir.

Sabes k essas letras todas tuas do alfabeto estaram sempre cntg, e sentires te bem é onde kizeres.

Beijos ****

T.E. disse...

Conheço essa sensação e tenho a estranha dificuldade de não te conseguir dizer nada sobre ela...

Cadinho RoCo disse...

Vá com firmeza ao encontro do 2009 e acredite em tudo que pode fazer.
Cadinho RoCo