O roupão estilo kimono, descansa em cima do aquecedor, para depois servir o conforto, um corpo pálido do inverno faz enrubescer a pele com àgua quente, os cabelos perdem a forma deixando-se vencer pelo chuveiro e uma sensação demasiado boa toma lugar. Lá longe ouve-se "La valse d´Amelie". Os odores, a menta e mandarin, leite de bambú e cereja, amora e hena, uma sinestesia celestial. A água fecha-se, o corpo sente-se limpo, húmido. Um óleo, aquele óleo com cheiro de ameixa que se espalha no corpo misturando-se com as gotas persistentes. O roupão já está aquecido, a seda quente tem um toque demasiado pecaminal...
Na janela um pôr-do-sol insistente e resistente, um horizonte mesclado de vermelho, laranja e uma noite absolutamente deliciosa. Os cabelos teimam em encaracolar no seu lento secar, os cachos já se notam...se calhar hoje, só hoje, deixo-os estar, que achas?
O insenso já arde....