sábado, janeiro 31, 2009


A chuva teima em ser condescendente com o meu estado de espírito. Há luzes pairantes e pouco visiveis, envoltas numa neblina teimosa. O cheiro do cais e os pingos que "desarrumam" um cabelo vaidoso. O gorro roxo decidiu alojar-se no cocuruto, reporta-me para os tempos em que a mamã nem me deixava sair de casa sem a touca de veludo. A noite, a noite... o restaurante envergonhado, a luz presente apenas na ponta do pavio, o vinho delicioso, a vista sedutora. Não quero ficar mal habituada, mas ser-se mimada é tão...viciante. Já não acontecia fazia tempo e memórias apagadas são como punhais que se escondem de amoladores, não estão afiados, mas por isso mesmo, magoam mais. Do que tenho receio é de parar. Não querer sair, não querer mais saber se o cabelo se estica ou encaracola, se os lábios tocam-se secos, se as olheiras permanecem, se a roupa se amarrota. Arranjar-me para apenas o espelho ver; não. Prefiro cobrir os espelhos e esconder-me da frente da objectiva. Não há nada mais cortante que olhos baços, o azul que perdeu o brilho, o verde que deixou de ser vibrante, o cinzento que se torna negro.
É nestas alturas que me apego a coisas tolas, a banda sonora do marcante filme, o livro que nunca passa despercebido na estante repleta, os chás, ai os chás, eu devo ter síndrome de imperador com tamanha pancada por chás. Descobri uma pérola (que bem o posso chamar assim já que o achei na GiftShop do Serralves), um chá de Alfazema. Nada de sacos ou saquetas, um pequeno pacote onde se mergula o respirador para a infusão, cheira deliciosamente. Aposto que nunca hão-de combinar tão bem como com os teus biscoitos de mel caseiros. Espero que surta o efeito dito, calmante. Mas não quero saber de músculos relaxados ou tensões apagadas, quero que me sossegue a alma, já que é esse o verdadeiro poder do chá. Espero até poder desvirginá-lo contigo, talvez naquele bule que te ofereci, recordas? Combinação perfeita.
O medo e a necessidade de voltar são aterradores, o pior de se estar sozinha é mesmo o escuro.




quinta-feira, janeiro 29, 2009


A fervilhar, completamente a fervilhar! Ideias, teorias, personalidades, pessoas, filmes, acontecimentos, arte, cidades, paisagens, chuva, cereais, leite, tostas mistas com oregãos, charros a meio da noite! Uma sinestesia pura e orgásmica! Teorias, duas:

1ª, Teoria Disney:
Sinto que há uma difrença abismal das pessoas que tiveram infância Disney para as que não tiveram. Têm uma sensibilidade e delicadeza diferentes. Homens e mulheres, aplica-se. Porque eu lembro-me de ter desejado ter um Derek como a Ariel tinha, porque chorei pela primeira vez a ver o Vale Encantado quando a mãe do pequeno morre, porque me recordo de ter percebido o valor que o verdadeiro amor e amizade têm quando me apaixonei pela Bela e o Monstro. Conheço pessoas que não cresceram nesta envolvência Disney e parecem não perceber estes conceitos, ou pelo menos não lhes dão a importância devida. Parecem ter amigos sim, mas são só isso amigos, aos quais eu chamo conhecidos, porque amigo, bem para o ser é preciso ser-se único. Não percebem porque acho que preciso de mais e o que tinha não me chegava e que só quero poder ter algo como o sinto cá dentro. É tudo demasiado subjectivo, é tudo demasiado pessoal. Mas a questão é, o mundo a que chamam de conto-de-fada existe para quem o cria, tem fundamento na realidade, no que temos e no que não temos.

2ª, Teoria do perfect timing:
Já tiveram aquela cena de terem de ver um filme mas acabam por não ver na altura mas mais tarde acabam por vê-lo mas já nem se lebravam que o queriam ver? E quando o vêem parece que fez todo o sentido para vocês pelo que estão a passar naquele preciso momento? Quem diz um filme diz um livro. É o que me tem acontecido, acho que os fimes que vemos, vêmo-los sempre na altura certa para isso. Os filmes são feitos para passar mensagens e os que tenho escolhido ver ultimamente revelam-se precisamente perfeitos para o que estou a passar, sem eu mesma saber do que tratam. Australia, The Curious Case of Benjamin Button, Vicky Christina Barcelona, todos me passam a mensagem que eu precisava para "acordar", mudar, perceber.
Quando li "O Perfume" pela primeira vez detestei-o, não o percebi, era demasiad nova para perceber, mas fi-lo mais tarde e tornou-se apaixonante, arrebatador, um festim para uma alma absorvente.

Sinto mesmo que qualquer coisa fervilha cá dentro, só não sei se é o que passou ou o que está para vir. Continuo com a sensação estranha de que não petenço aqui e que só quando sair, viajar, conhecer, é que vou descobrir o que de meu é. Porque eu, bem eu...não perteço aqui.
A Invícta está como eu nunca a tinha visto, e eu deixo-me levar...




sexta-feira, janeiro 23, 2009





Eu era tão pequena, era um calhau aos rebolões. [ Esta tinha de ser não é? ] Tinham-me dado um brinquedo com o qual nunca brincara antes, um coração de verdade. Não daqueles que vêm nas Barbies e que funcionam a pilhas, este batia mesmo, e batia tanto. Depois parou, durante três dias permaneceu morto, não havia reanimação possível, estava submerso à demasiado tempo. Mas foi salvo, foi...salvo. Pela mesma pessoa que o havia afogado. Eu.
Quando achamos que já não precisamos de fisioterapia começamos a correr novamente e foi o que fiz, corri como se tivesse um coração de leão. Não tenho. Que novidade. Deram-me um coração novo, tinha um ou dois cortes mas estava bem. Batia ávidamente e estava pleno de sentimento. Este coração teve imensos incidentes, paragens, cortes, sangramentos, mas continuava lá, batia, mantinha-se vivo, lutava por bater só mais uma vez, apenas uma, só uma. Morreu. Não bateu mais. Decidiu que já não havia artérias e veias que o segurassem. E foi o que fez, deixou de bater. Não havia mais pum pum, não havia nem um pum quanto mais dois...que ousadia de pedido, bater de novo, era o que mais faltava. Ele não tinha vida para isso, o que acabou por ter o seu sentido literal. Esta verborreia de analogias e metáforas e figuras de estilo encavalitadas para dizer que vai parar. O outro virá, mas só depois da queda, para ter a certeza que não vem em vão. Vou dar um passo para o abismo, na certeza de que se as minhas asas não abrirem as tuas abrirão por mim e que se tiver de cair és tu que vais estar lá em baixo a segurar-me a cabeça ensanguentada contra o peito. És tu que não me vais deixar entrar no abismo decadente, aquele que nem eu conheço e não quero conhecer. Eu espero acordar na cama do hospital com gesso no peito e com dificuldades em respirar, olhar para o conta-gotas e ouvir o "pi pi pi pi pi" que me diz que ainda bate, e se não bater que é o novo. Olhar para o outro lado e ver-te lá com o maior sorriso desde Hades e Pandora. Se eu me esquecer do porquê de estar ali, não me lembres, porque a memória atinge-me demasiado depressa.
Vou fazer um iglo do edredon e da cama o meu chão, esconder os olhos melancólicos da luz temerária do dia e fingir que o que ouvi não foi uma buzina lá fora, nem o vento nas portadas. Vou entrar na crisálida e de lá só saio quando tiver a certeza que estas são as cores certas para as asas. Mas olha para mim, percebeste alguma coisa do que disse? Isto é tão estranho, esta sensação do depois, esta pergunta irritante do "e agora?"...e o mais irritante é que é retórica. Não controlo bem o que me sai pela ponta dos dedos, mas sei que no final a tua alma está à minha espera para outra volta na roda. Posso pedir-te um favor? Tira-me do carrocel, porque desta vez vou mesmo vomitar.



domingo, janeiro 18, 2009

Há qualquer coisa nos clássicos que nos despertam as fadas e os dragões no peito...o ar rarefeito da torre de marfim transporta-me para os mais assustadores recantos...




sexta-feira, janeiro 16, 2009





Acho que finalmente me começo a aperceber de linhas ténues que se tornam mais nítidas. Adoro ouvir histórias, de todo e qualquer tipo e acho que me esculpi para ser uma excelente ouvinte, porque do que eu gosto mesmo muito, é de ouvir histórias. As de amor são as mais populares e que proliferam no meio dos contos. Vi-me uma excelente absorvente e ponto de passagem para essas mesmas histórias. Resolvi que se nunca tiver a minha, não faz mal, porque ouvi aquelas que gostava de ter tido. Disseram-me que não me preocupe ( é um frase usada para quase tudo, mas serve a tudo tão bem ), que terei sempre os meus momentos "hollywodescos" e dignos de serem contados. Já pensaram em como seria perceberem que a vossa existência pode rodar apenas em volta de cinco minutos que se atrasem para sair de casa para desencadearem uma sequência de acontecimentos, supostamente, imprevistos e independentes para que outro alguém tenha um ponto de viragem que de outra forma não teria? Peões, no tabuleiro de xadrez de outra pessoa que nunca viram a cara, não recordam os olhos ou os traços. Pois eu digo que se assim fosse, gostava de ouvir essa história, porque afinal, naquilo que eu sou mesmo boa, é a ouvir histórias. Quando quiserem ouvir uma, ou contarem-ma, peçam, porque eu, bem eu...adoro histórias.

terça-feira, janeiro 13, 2009





Às vezes chateia-me estes enredos que nos envolvem e forçam a analisar a nossa existência. O cinema é causador de fenómenos, tem o poder de atenuar ou enfatizar o que se passa nas alminhas, mesmo as mais protegidas. Eu acho que é uma grande máquina, imagino as grandes bobines, as ideias geniais que fizeram grandes momentos cinematográficos e questiono, que fundo de verdade terão alguns argumentos. Não estou a pôr em causa a sua essência, esforço-me é para perceber se aqueles sentimentos que capturam com a câmara toda xpto existem mesmo. Onde raio encontram eles um amor assim? capaz de entrar em prédios em chamas, nadar até ao fundo do oceano, admitir que se ama sem medos, aqueles beijos arrebatadores, os olhares longos e profundos. Gosto do cinema. Lembro-me sempre das pipocas com sabor a manga que faziam em Odivelas. Eu e o Marcelo éramos regulares naquela sala, quase sempre tinhamo-la só para nós. Lembro-me de perceber que amar era algo muito importante mesmo, que era não um sentimento, mas o sentimento. Pelo menos é o que nos fazem crer estas histórias mirabolantes não é?...a ingenuidade rende milhões, a minha rendeu e rende. É-me tão complicado verter gotinhas de água que quando um filme o faz é porque perturbou o meu lago de águas frias, quase geladas.
Não me acho uma crente no amor, nunca achei. A menos que a fase da Pequena Sereia conte...
Gostava de poder dizer que mereço e quero um amor assim, mas eu escolhi outra profissão, não a de ser actriz. Acho que se o "verdadeiro amor" ( ou como lhe chamam) nunca aparecer então terei de o esgotar em ti não é?...porque te amo incondicionalmente...mas isso já eu faço. Mas eu falo daquele gajo, o do cavalo, ou o do smoking, ou o da bata branca, ou o do chapéu de cowboy...aquele que faria da minha vida um filme, algo tão arrebatador que eu nem espaço para dúvidas tivesse. Mas olha para mim a escrevinhar tanta babuseira, tanta lamechisse daquela que não se tem a certeza se é boa. Eu uno os pontos, eu traço a linha, eu deleito-me nos alpes do roca de fiar e continuo a adorar lembrar-me como chorei a ver o Vale Encantado, como me assustei a ver a Bela e o Monstro, como me ri com o Rei Leão. E mesmo que o Moulin Rouge seja uma história tão inventada como as de Shakespeare, eu aprecio-a por isso, por ser uma história tão bem contada. Se me fez gastar 7 caixas de clinex é bom que o seja...
No fundo, no fundo, o que eu sempre quis ser foi mesmo um elfo, por isso...enjoy...




domingo, janeiro 11, 2009





Os espíritos andam irrequietos, o meu e o teu. São noites revoltas em guerra com os lençóis, puxões no cordão de prata, acordar de um salto e chamar-te de olhos abertos no escuro. [Lembras-te dos sonhos? Avisos codificados...os Bonds e os fantasmas.] O chocolate quente no Guincho, o incenso do "gato", os travesseiros da Piriquita na luz perfeita do anoitecer de Sintra com o chá que quebra o frio das mãos, dos lábios e do corpo. É o não querer saber de nada mais do que estar contigo e "tigo". De pronúnciar futuros e imaginá-los quase pecando na sua irrefutável realidade. Promessas feitas por entre vidros embaciados, lágrimas de pura "lamechisse", daquela bonita, que aconchega certos cantos da alma. Continuamos a achar que ainda está para chegar a nossa vez...mas tens dúvidas? Não, não tenho, respondo-te. Tu na casa de fim-de-semana com aquela vista arrebatadora e eu a captar momentos que nem a natureza sonha que tem. A quinta de Sintra com os meus toques orientais e o altar ao Eddie que toca à passagem dos incautos curiosos e devotos. A lareira e o lustre, os miúdos, os monogramas no linho, o L, o M e o V, tatoados em peles apaixonadas, amantes, cúmplices e sonhadoras, como sempre foram e devem ser. et-omA. [ E a Nicole é mesmo bonita.]

terça-feira, janeiro 06, 2009





Ouvi, bateu, lembrei, acedi...

Post Scriptum - O cabelo soltou-se...



segunda-feira, janeiro 05, 2009

Desafio no Trilho...

Vindo de ti meu bem, só bem quadráticamente tornando-se cubico.

1º Colocar uma foto individual.




2º Escolher um artista/banda.

Queen

3. Responder às seguintes questões somente com títulos de canções ao artista/banda escolhido:

- És homem ou mulher? Sweet Lady

- Descreve-te: Cool Cat


- O que é que as pessoas pensam de ti? I´m going slightly mad

- Como descreves o teu último relacionamento? I want to break free

- Descreve o estado actual da tua relação: More of that Jazz


- Onde querias estar agora? Seven Seas

- O que pensas a respeito do amor? Bohemian Rapsody


- Como é a tua vida? Don´t stop me now

- O que pedirias se pudesses ter um só desejo? The Miracle

- Escreve uma frase sábia: Too much love will kill you

4. Escolher 4 pessoas para responder ao desafio sem esquecer de os avisar.

Kátia, P´ra te ter aqui

Bárbara, Coisas de Fada

Tiago, Caixeiro Viajante

Carolina, The Dream Girl

sexta-feira, janeiro 02, 2009

O que o vento trouxe...



quinta-feira, janeiro 01, 2009





EFECTIVAMENTE...a melhor passagem de ano de sempre!
Conto depois, quando conseguir absorver tudo...