domingo, outubro 30, 2011



She had fallen asleep in his chest, he covered her with his jacket. Her hair stroked by his big hand, the music playing really low in the back was interruped by the waves dancing in the sand. She woke up and grabbed onto his chest looking for the confort of his neck, where she could always feel his smell. She was breathing heavily and he broke the silence "are you ok? you feel like something happened...", she took a deep breath wispered in his ear "I just realized how immense our Love is, I just saw us, what we really are, what we are together."..., in "Mind Scraps" by Nessie Lawrence


Tendo as estrelas como testemunhas solitárias trocaram futuros aguardados com ansiedade. Da mesma forma que uma criança vai para a cama na noite de Natal, com o coração a pulsar-lhe todas as veias e de bochechas coladas às orelhas, a ingenuidade servia-lhes de igual modo. Deambulavam o dia inteiro pelos recantos um do outro, o cheiro dela na pele dele, o cheiro dele na roupa dela. Os olhos que se perdiam sempre na imensidão do outro, descortinavam cores dificeis de encontrar na menina a não ser que se olhasse com muita, muita atenção. Partilhavam o verde, ela fugia para o gélido azul e o raro cinzento, ele escondia os laivos verdes no ambar. Mas quando se olhavam, não viam cores, não viam formas, pestanas, pele, viam-se tal e qual como quando se abraçaram pela primeira vez na dança cósmica que é o céu que lhes dera a existência. Toda a sua essência vibrava com o reconhecimento espiritual e tudo o que é efémero desapareceu sob o véu da incomparavél eternidade. Sussurrou-lhe ao ouvido "O que vamos chamar às crianças?"...olhou-a com um sorriso pensativo, ela sorriu de volta, envergonhada, pararam de andar e puxou-a para os braços dele, beijou-a com tamanha paixão que as faces enrubesceram. O sol ia alto, quente e convidativo e o tempo parou na chávena de chá verde com maracujá. 

terça-feira, outubro 25, 2011


Os abraços emocionais tomaram forma...

A quietude perfeitamente hermética do lago foi quebrada pelo atirar do seixo que se dizia meteorito por ter vindo das estrelas. 

Uma alma partilhada por dois corpos que se reencontram num ciclo vicioso de karmas escondidos.

Let´s dance?...

<3

segunda-feira, outubro 24, 2011



O fumo cobria o céu de nuvens com distâncias simetricas entre si, pela noite fria de início de inverno que se avisinhava. Os sinos tocavam na sua majestosa sinfonia de metal polido e no silêncio espectral da velha vila, soavam apenas as badaladas ditadas pelo relógio. No final de tarde morria um sol rubro de rosa e com ele todos os segredos que ela que confidenciara. Não eram já horas de passear os sapatos de salto alto de verniz bourdeaux pelas pedras da calçada, a vila parára no tempo e uma senhora fora do resguardo da luz do dia não tinha lugar cativo na missa de Domingo. Apertava o sobretudo vermelho contra o peito na esperança de enganar o vento que a tentava beijar e tentava não lacrimejar com os últimos raios de sol direccionados contra a iris inconstante que naquele dia decidira ser cinzenta. Chegou à entrada da casa de pedra ccom porta de madeira negra e de fechadura queixosa aquando do contacro com a chave de traço antigo. A casa estava imóvel...o silêncio conversava por entre as frestas das janelas com o vento e os candeeiros do hall emanavam uma luz âmbar que a fazia lembrar sempre o quão aconchegante era aquela casa. Tirou os sapatos e sentiu a madeira rangente debaixo dos pés, o frio sob as meias de liga fê-la correr escadaria acima rumo ao quarto de banho onde deixou a água juntar-se aos sais de banho com cheiro de especiarias. A chaleira repousava em cima do fogão de lenha crepitante à espera que a água ganha-se coragem para a fazer assobiar e afogar o chá de cereja e canela que lhe manchava a chávena de loiça fina de vermelho. Dirigiu-se pé ante pé até à janela envidraçada de várias cores e deixou que os olhos sorridentes se deixassem embevecer pela vista da serra gélida coberta pelos últimos raios de sol. A camisa branca riscada deixava adivinhar as formas das suas pernas bem delineadas e o cabelo longo de comprimento encaracolado reflectia a cor do sol. Perdeu-se a olhar para o chão de madeira corrida com desenhos de uso cravados quando reparou nele. Havia chegado sem perturbar o silêncio, debruçava-se sob o arco que unia a velha cozinha e o hall e trazia os jeans gastos que lhe ficavam como imagem de marca. Mãos nos bolsos e sorriso apaixonado. Ela enrolava as pontas da camisa nos dedos e continuava a olhar o chão envergonhada, qual menina que havia sido descoberta num momento menos próprio. Ele deu meia volta, subiu as escadas escuras até meio e sentou-se nos degraus a olhá-la. Ela seguiu-o lentamente e parou no fundo das escadas, meio sem jeito, corada. Ele puxou-a para os seus braços e sussorrou-lhe ao ouvido "Nunca me canso de te encontrar...", ela agarrou a camisa dele com os olhos cristalinos lugrubes e respondeu "e eu que me encontres...nunca pares...". A água na banheira de estanho já pouco se queixava do seu alto cair, a chaleira no fogão dava sinal da sua presença mas nada se moveu no silêncio quebrado pelos lábios sôfregos de sentimentos tão antigos como o céu que os cobria de planetas sintilantes.