segunda-feira, dezembro 25, 2006

Porque nos afligimos em cuidados e espantos,
Convertemos sossego em suspiros e prantos?
É comer, beber, rir... e esperar pelas lagartas corruptas,
É certo, Post mortem
Nulla Voluptas.
Saúde, luxo, argúcia, juízos espartanos,
Não serão nada daqui a cem anos.

Thomas Jordan, in Modern Manners by P. J. O´Rourke

domingo, dezembro 24, 2006

Voltei, do frio gélido que me fazia parecer a Heidi sempre de faces rosadas. Estava linda, estava lá. Gostei de muitas coisas, deisludi-me com outras ( estava à espera que a Torrei Eiffel fosse um objecto fálico muito maior) e deliciei-me com a Mona Lisa atrás de um sistema de segurança que mais parecia estar ali o Da Vinci em pessoa. Estive no relax num spa marroquino envolta em cheiros de oléos de jasmin e rosa egipcia, sabão negro e argila e chá de menta. Amei Notre Dame no seu silêncio crepuscular e cofral de reliquias como Pietá, pérolas para os olhos. O Sena estava revolto e brilhante sob o fraco sol que rompia a neblina que se fazia sempre sentir. Perdi-me sozinha em busca do Moulin Rouge e deliciei-me com as livrarias do Cartier Latin. Senti-me bem, e mal. Gostei muito de Paris, mas nunca pensei sentir tantas saudades de tanta coisa. Tenho andado muito chorona, se calhar porque sou portuguesa, e se há palavra que define o povo português é saudade. Tinha principalmente saudades das vozes, da voz dele, da voz dela, da voz que me acalma, da voz que me faz sorrir, da voz que me traz sempre saudades.
Fui, fiquei e voltei, mas sempre com uma lágrima, nem que fosse em pensamento.
Um beijo

terça-feira, dezembro 12, 2006


Está frio, está frio e está frio! Tenho-me sentido uma princesinha da neve no meu casaquinho branco de corte francês que tanto me aquece e delicia muitas outras que passam. É assim, mulheres vestem-se para tudo, para o cão, para o gato, para o pai natal, para o namorado, para as gajas do trabalho e para as pessoas que passam na rua e param a olhar. Gosto mais do inverno porque é tudo mas azul, mais branco e cristalino e sempre fresco, parece que os meus olhos brilham mais no inverno e se sentem mais felizes cada vez que as faces branquinhas tomam o tom carmim de cada vez que o frio lhes toca. Vou para Paris na sexta e só quero ter o La vie en rose a tocar muitas vezes no meu mp3 e ver Lisboa lá longe onde ficam todos os males que nos assolam na nossa vidinha quotidiana.


Un bijoux para o senhor depressões pré-natal, prometo que lhe mando um postal

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Apetece-me falar de algo que me assombra o pensamento à já algum tempo, afinal como é esta cena do amor? é que parece ter-se banalisado tanto! Hoje em dia amar alguém é a mesma coisa que "apetece-me um hamburguer do MacDonalds, não, não, não afinal apetece-me uma sandes". Parece que agora tudo é confundível com o amor! Pitas de 14 anos que dramatizam suicidios por que o namorado de 15 as deixou por uma mais gira, isto tudo, claro, porque o amavam.
O namoro que acabou passado uma semana e estamos de rasto porque nós"amávamo-lo mesmo mesmo!". Acho que isto se resume a filosofias baratas vendidas a milhões de dólares dentro de bobines que vêm de Hollywood. Homens e mulheres de hoje pensam no amor como algo perfeitamente normal e trivial. Perdoem-me os crentes dessa teoria mas amor é algo superior, algo trancendente, algo inexplicável ( ou acham que os poetas têm temas interminaveis só por acaso?o.O). Alguns amigos meus vêm ter comigo felizes da vida para me dizerem que na recente relação que têm descobiram que já amam a outra pessoa, só posso dizer que fico feliz por eles, mas que, desculpem, não consigo acreditar. Não quer dizer que eles estejam errados e eu certa, ou vice-versa. Simplesmente para mim isso é errado. É tudo muito subjectivo nos tempos que correm ( raro é ser objectivo), mas mesmo asssim, acho que as pessoas se precipitam para algo que devia ser considerado "only use in case of emergency please". Passo a explicar, pensem comigo, vocês conhecem alguém, passam excelentes tempos com ela, partilham imensas coisas com ela, dias, pensamentos, noites e luas, apaixonam-se, começam a pensar em coisas em conjunto, como passarem férias juntos, escapadelas juntos, teatro juntos, panquecas às 3 da manhã juntos, brigas feias de dias, lágrimas de raiva e ódio, sentimentos impensáveis de sentir por essa pessoa, pensamentos de se realmente vale a pena, para quê continuar...

Depois uma simples gargalhada comum, corpos unidos, nirvana e além...
Passado esse tempo todo ( sim porque isto leva tempo, muito) olharem para tudo o que fizeram e sentiram e vêm que para além de ter valido tudo estupidamente a pena, continuam a sorrir quando olham para essa pessoa e pior, apercebem-se que gostam muito mais dela agora do que no início. Depois de todos os defeiteitos e virtudes, de todas lágrimas e sorrisos partilhados, vocês sentem verdadeiramente o que é verdadeiramente gostar de alguém. Algo tão grande e único que só pode significar uma coisa, o diagnóstico mais assustador de todos...que amam aquela pessoa.
Estão irremediavelmente intoxicados, apaixonados, viciados por aquela pessoa. ´
O amor é assim, é como o vejo e como o sinto. E sinto-me bem por senti-lo assim. O curioso é, porém, que eu não amo só esta pessoa, amo aquela a quem chamo de amigo, aquela que nasceu quando eu estava a ver, aquela que estava lá e me viu nascer, e contudo são todos diferentes e todos amor. Mas amar verdadeiramente alguém que simplesmente se cruzou no nosso caminho, só depois de muito, muito calo se chama amor.

Um beijo

Post Scriptum - continuo a achar que detesto lamechices (e detesto) e que sou uma pedrinha de gelo...