Porque me enganas com as tuas falácias e múltiplas caras? Conheço-te. Sei-te. Sinto-te. Passo sempre as mesmas portas, as mesmas salas, os mesmo corredores. Atravesso esse pátio interior e abro a porta da torre, subo-a porque sei que é lá que estás. Alcanço a porta, aquela grande escura e dourada porta que me persegue, rodo a maçaneta impecavelmente polida. Não abre, que novidade. Bato uma, duas, três é o limite. Sei que me ouves, sinto-te respirar. Não estás longe, estás apenas do outro lado, são cinco centimetros de ébano que nos separam. Se ao menos fosse físico, se ao menos fosse tão fácil como ter a chave. Mas não. A chave jaz nessa mesma porta, por dentro, e a única coisa que tens de fazer é rodá-la no sentido dos ponteiros do relógio, aqueles que já batem mais de dois anos. Eu espero, por quanto tempo, não sei. Juro que não sei.
Sento-me, a porta já tem a minha forma marcada, as minhas unhas cravadas, o meu choro embutido, os meus sorrisos vistos pela fechadura. Sento e espero pelo "clique", aquele do rodar da chave. Enquanto houver luz por debaixo da porta, eu observo, e fico.
Post Scriptum - "Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar, enquanto houver estarda para andar. Enquanto houver ventos e mar, a gente não vai para. Enquanto houver ventos e mar."
4 comentários:
Temos um quê de parecido nisso de esperar..."meus ponteiros" rodam há mais tempo...e já agora...andam um tanto enferrujados e...cansados.
Menina,és tão jovem para amar assim! Tens uma estrada longa e linda...
Porém,sente...és humana.E sentir faz parte.
Beijo!!!
Às vezes cinco centímetros não são cinco centímetros. São quilómetros inundados pelo receio e pelo desgosto. Mas outras vezes há quem se lembre de abrir a porta por dentro e dizer olá, desculpa não ter aberto a porta mais cedo, mas é que estava a comer pistachios. As coisas são como são e não como queremos, mas temos de querer muito para depois no final não dizermos que podíamos ter feito mais. E quem sabe o que fazemos realmente mude alguma coisa...
Beijo beijo caro raposo, espero ansiosamente por uma carta de alexandria*
enquanto há sonho, há vida;
enquanto há vida, há esperança!
E quem espera sempre alcança...
Enquanto houver um sorriso bem cá dentro, tudo se irá resolver.
Enquanto houver sonhos, haverá algo para se correr atrás.
Enquanto houver uma Vany e uma Ticha por aí, haverão conversas deliciosas a ter.
Gosto de si, sei lá*
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