sexta-feira, novembro 18, 2011


Percorrem as mãos de pontas de dedos frios a pele quente, sempre quente, rubra de rosa em pele de alabasto. O peito abunda de movimentos menos espaçados e a seda do kimono nota-se fluir entre a curvatura perfeita do peito pálido que ela conserva. As mãos procuram-se e encontram-se por entre o percorrer das linhas que não são rectas, delineando as suas silhuetas entre a luz da lamparina tremeluzente e o papel de arroz minuciosamente encaixado nos quadrados negros das Sakuras. O cabelo dela flui-lhe nas costas pintadas de marcas rouge causadas pelas unhas plenas de desejo dele, fingem saber controlar as mãos que as assiste, mas tudo se esfuma aquando do toque de seda contra a sua pele que já sentiu inúmeros invernos. O incenso arde no pequeno queimador negro e espalha o seu cheiro inebriantre nos sentidos das almas amantes que se perdem em cima do tatami de bambu. Tudo é extremo, tudo é extrapolado, sentido, visto, cheirado, saboreado pelas almas que juraram eternidade. Não é o encontro, mas o acabar de que lhe causa pequenos cortes de papel no espírito, a necessidade inerente de partir, o sentimento de que tudo é efémero e vulgar. Ele puxa-a para o tronco forte dele mais uma vez, agarra-lhe o cabelo que nasce no fundo pálido da nuca e prova-lhe os lábios uma vez mais, uma última vez antes de ter de abrir os olhos para algo que não são os seus olhos cor de chuva. Ela geme de prazer, paixão, Amor e morde o lábio quando as testas se juntam em trocas de segredos desnecessários para o âmago partilhado. Ele olha-a como se quisesse manter aquela imagem imortalizada para todo o sempre nas suas retinas imensas de verde, quieta, frágil, despida de um corpo que escolheu apenas para partilhar com ele. Ele solta-lhe as mãos e recebe-lhe a face delicada entre as mãos enquanto lhe rouba o último beijo e parte por entre o meio da escuridão enquanto ela morde o lábio carnudo, esconde uma lágrima debaixo do dedo indicador e o sentimento que a deixa completamente impotente, o de lhe sentir falta...tamta, tanta falta...

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